sábado, 23 de fevereiro de 2019

como um sol no quintal

Talvez você, o primeiro deles, tenha me deixado tão frágil quanto o atual.
Meu coração insiste em dizer que esse é o mais forte amor que já senti.
Talvez você, o primeiro deles, tenha me transmitido uma sensação tão completamente incompleta quanto esse.
Talvez você, amor, o primeiro deles, tenha me deixado cair na imensidão de significados que essa palavra carrega consigo.
Talvez você, o primeiro dos meus amores, tenha me deixado sem chão, sem céu, sem roupa. Despida de todas minhas vergonhas, da minha moral, das seguranças e certezas.
Talvez você, o que primeiro me deixou sem voz, tenha me preparado para encontrar o de agora. Tenha me ensinado o quanto dói, o quanto vale, o quanto queima, o quanto machuca, o quanto sou.
Talvez você, eterno amor, seja o culpado por todas as juras da posteridade. Pela carta ridícula. Por despertar em mim esse sentimento ridículo.
Eu te culpo, amor, por me sentir impotente, por me sentir cheia e ao mesmo tempo vazia.
Te culpo, meu mais sincero amor, pela dureza do sentir e por assumir que sinto.
Mas te agradeço, estúpido amor, pela sensibilidade que tenho em mim, que faz de mim o que sou.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Ah, vida real...

 Ontem foi um dia bonito. Afinal, nossa querida seleção brasileira ganhou o jogo contra a Sérvia. Um dia tranquilo, feliz...
 Ontem eu passei por várias emoções diferentes (TPM que chama?) mas não foi um dia ruim. Foi um dia pra pensar. Em um momento de estresse percebi que as coisas eram bobas demais, em um momento de ansiedade percebi que as tudo tem seu tempo e que eu me cobro demais, em um momento de carência percebi como algumas pessoas eram extremamente importantes pra mim e em um momento de solidão percebi que quem mais importa na minha vida sou eu mesma.
 Logo após o jogo do Brasil, meu irmão foi levar sua mulher para o trabalho. Quando o vi tirar o carro da garagem, joguei o celular da cama e entrei no carro do jeito que estava mesmo (camisa, shorts, chinelos e cabelo bagunçado). Poderia até ficar em casa lendo, assistindo, estudando, dormindo, fazendo qualquer coisa, mas o horário era o meu favorito. Era fim de tarde.
 O pôr do sol sempre me acalma. Sempre que possível (sendo a exceção apenas quando estou em aula) eu gosto de o assistir. E por que não o fazer no carro? Bom, eu realmente gosto da playlist do meu irmão e não foi uma má ideia passar uma hora do meu dia ali.
 Passei, portanto, o meu fim de tarde apreciando a silhueta de árvores e casas conforme percorríamos nosso trajeto, observando as diferentes tonalidade de laranja, amarelo e azul no céu... A gente pensa muito na vida nesses momentos e a música de fundo era realmente boa para esse fim.
 Ah, estamos sempre querendo chegar a algum lugar, estamos sempre a procura de algo, sempre com a mente a mil por hora, nos preocupamos com tantas besteiras e acabamos nos esquecendo de aproveitar o caminho. Querido, foi Horário quem escreveu Carpe Diem.















É isso que o crepúsculo me faz pensar. Aproveite o dia.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Verões emocionais.

 Eu tenho o terrível costume de escrever apenas quando estou triste, tenho pouquíssimos textos falando sobre felicidade. A tristeza, apesar de dolorosa, tem sua beleza. Textos tristes me parecem muito mais profundos, a alegria me parece artificial, as vezes parece algo inalcançável. Talvez esse contentamento líquido seja fruto das redes sociais.
 Me parece um tanto estranho vir aqui pra falar que estou feliz. Sim, como há tempos não me sentia. As coisas estão caminhando bem, na direção certa (espero). Academicamente, estou atolada de coisas para fazer, mas não me sinto sufocada, tô conseguindo administrar meu tempo. A saúde não está lá essas coisas, tô cada vez mais sedentária, engordando a cada dia... Emocionalmente estou bem, talvez apaixonada (vamos ver até onde isso vai), as coisas estão caminhando lentamente e fico feliz por isso, cansei de me jogar de cabeça em relacionamentos rasos (opa, um clichê!). Mas essas coisas são um mero detalhe diante da imensidão de estar em paz comigo mesma.
 Ah, leitor, tenho levado a sério aquele papo de protagonismo da própria vida. Me conheço muito melhor hoje, sigo essa estrada da vida com a certeza de que errarei, tropeçarei, talvez até me perca, mas estou certa de que estou me tornando uma mulher de quem me orgulho. Essa mulher vai me custar pessoas, relacionamentos, futuros. Eu estou escolhendo essa mulher apesar de todo o resto.
 É outono, mas aqui dentro ainda é verão.

sexta-feira, 6 de abril de 2018

you are enough

Querido leitor, a pergunta "Quando foi que perdemos o protagonismo da nossa vida?" me prendeu de uma forma especial. Talvez por causa da minha autoestima baixa, talvez porque eu sei que estou me colocando em segundo plano, em segundo lugar... Dizem que "nada mata alguém mais rápido que sua própria cabeça".
 Devo dizer que sempre me sinto um pouco incomodada quando você me diz que está melhor do que merece. É simples, talvez você não esteja. É engraçado, mesmo com toda essa fragilidade emocional que tenho para comigo mesma, eu sei que eu poderia estar melhor. Certo, existem pessoas em situações muito piores e, talvez, eu não mereça tudo isso mesmo... Mas tudo bem ser egoísta às vezes, tudo bem colocar-se em primeiro lugar, tudo bem tirar um tempo pra ficar só, relaxar um pouco. Você merece se tratar com carinho. Não confunda o que você merece com o que você aceita.
 Nós temos essa mania: nos enchemos de compromissos, de responsabilidades, de coisas pra fazer. Nos esquecemos de nós mesmos. Eu resolvi, pelo menos por uns dias, que inverteria o que estava acontecendo. Me coloquei em primeiro plano e fui me conhecer... A parte interessante é que eu não estava preparada para isso. Eu não estava preparada para me conhecer, não estava pronta para ver o universo que habita em mim. Lembro de falar para alguns amigos (você foi um deles) que me conheciam mais que eu mesma, e nunca estive tão certa. Será que você se conhece? De verdade? Sócrates disse: "Conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo".
 Eu sempre gostei de ficar sozinha. Estar só me faz até bem. Mas reparando em coisas ao meu respeito, que antes eu não havia notado, é como se por todo esse tempo eu estivesse sozinha com um desconhecido. Na verdade, não sei se são coisas que eu simplesmente não havia reparado ou se eu estou mudando. Em todos os casos, tenho gostado de como as coisas estão caminhando. Tenho visto qualidades em mim (coisa que para alguém com minha autoestima é um feito incrível), tenho visto meus erros também, mas com outros olhos.
 Imagine que eu chego para você e jogo na sua cara todos os seus defeitos, do nada. Isso te machucaria, provavelmente, ou pelo menos te incomodaria. Nós fazemos isso conosco sempre, querido leitor. Mas tenho olhado para os  meus erros e defeitos com outros olhos. Tudo bem errar, tudo bem não aguentar tudo que está acontecendo, você não precisa. Você não precisa ficar calado quando está triste, você não precisa achar que está melhor do que merece. Lá no fundo você sabe que merece o mundo, você sabe do seu potencial... Se você não sabe disso, se você insiste que não é tão maravilhoso quanto eu sei que você é, talvez seja hora de inverter os papéis. Talvez essa seja a hora para fazer-se protagonista.
 Não foi uma das minhas melhores semanas. Não dormi bem sequer por um dia. Crises de ansiedade atrapalharam meu desempenho escolar. Mas eu estou me conhecendo. Nem todos os dias são bons, a gente sabe. Demorei para escrever, demorei para colocar uma parte dos pensamentos em ordem. Minha mente continua uma bagunça (eu nunca fui das mais organizadas mesmo)... Mas, leitor, devo dizer que pensar nesse tipo de coisa tem me feito um bem danado. Não consigo colocar tudo em um texto é claro, pega um café e vamos conversar...

 Moço, seja perdidamente apaixonado por quem você é. Brilhe, mas brilhe muito. Você tem talento pra isso.

sábado, 24 de março de 2018

Dia de chuva

 Eu lembro de uma ou duas vezes que você disse que eu era forte, mais do que eu imaginava. Entre tantas coisas que você me disse, essa sempre foi a mais difícil de acreditar. Eu tenho essa mania de ficar pensando no passado. O fato é que eu amo o passado. As coisas pareciam tão mais simples, embora tão complexas. Há perguntas que eu nunca consegui responder. Aliás, até hoje eu fico pensando em possíveis respostas para perguntas que você me fez e, por acaso, encontrei algumas.
 Eu não sou forte. Nunca fui. Eu me estresso com facilidade, explodo rapidamente, sou extremamente impulsiva, sou dramática e sou fraca. São defeitos que eu reconheço ter. Tenho observado bastante essas coisas nos últimos dias, mas ainda me pergunto o porquê de você achar aquilo. Eu sempre fui assim. Você nunca gostou da minha impulsividade, sempre soube e lidou bem com o meu drama, mas por que você me disse aquilo? Talvez a tua opinião nem seja mais a mesma.
 Ai, ai... eu sempre acho que é besteira. Toda vez que te encontro tô com algum probleminha, mas é sempre besteira. A verdade é que tudo aquilo importa, tudo aquilo me machuca, mas toda vez que eu te encontro tudo parece besteira. Eu sou fraca, mas me sinto muito mais forte quando tô contigo, aquelas coisas diminuem, não são mais tão assustadoras. Talvez você me faça mais forte, não sei.
 Ah, rapaz, essa é sim uma declaração de amor, não deveria, mas é. É inevitável. Eu preciso dizer que amo a tua presença, que necessito, que é essencial. As coisas são assim. O céu é azul, 2+2 são 4 e eu preciso da tua presença. 
 Eu não deveria te escrever. Me desculpa, é mais forte que eu (já disse que sou fraca). Não consigo resistir a tentação. Você tem uma vida inteira longe de mim, mas eu sou incompleta sem você. Falta uma parte muito importante. Quem sabe não é o coração? Entenda, eu não quero que você me declare seu amor eterno, não quero que fique comigo, muito menos que largue a mulher da tua vida. Eu quero meu amigo.
 A cobrança. Novamente. Eu sei, tá ficando repetitivo, mas eu preciso da parte que me falta. Vê se aparece. Sei também que as coisas estão corridas, sempre estão, é da tua natureza chamar toda a responsabilidade pra si. Me encaixa no teu horário que eu desmarco tudo pra te ver, pra te abraçar, pra ficar calada ao teu lado sempre achando que é besteira. Aquele silêncio constrangedor -que não me deixa olhar nos teus olhos- parece me fazer bem.
 Eu sinto a tua falta como o sol em um dia de chuva.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos...

 "Tem coisa que só sai da gente por escrito." Foi o que me disseram hoje e eu tô aqui pra isso... O fato é que eu não tenho um assunto sobre o qual eu quero falar, mas eu sinto vontade de escrever, e eu te disse que era só começar. -Talvez eu esteja escrevendo só pra manter a promessa de que nos falaríamos mais.-

 Sabe, foi um dia agradável e cheio de nostalgia. Achamos uma caixa cheia de fotos antigas, conseguimos traçar uma árvore genealógica até minha tetravó (fotos no meu Instagram, aliás). Isso me deixou feliz porque eu me senti um pouco mais conectada com a minha bisavó. Dona Gerusa era minha rocha.
 Uma coisa que não lembro de ter compartilhado contigo é que quando eu finalmente aprendi a ler, eu queria ler tudo que via pela frente... Uma das imagens mais nítidas dessa época é de um momento em que minha vó estava escrevendo e eu, como a menina curiosa que sou, fui ler. Lembro muito bem dela ter escrito "sem amor eu nada seria", aquela frase me marcou pro resto da vida. Claro que tempos depois eu descobri que se tratava de um versículo, mas pra mim sempre será uma frase que me remeterá a ela.
 Desde que tomei juízo e me entendi por gente eu tento, sem sucesso, encontrar aquela folha. Ela provavelmente não existe mais. Eu queria tatuar a frase com a caligrafia dela, queria marcar no corpo aquele amor imensurável. Nos dias atuais eu penso em tatuar com a caligrafia da minha mãe...
 Bom, enquanto vasculhávamos o passado eu encontrei uma folha, fiquei cheia de esperança que fosse a mesma folha em que minha vó teria escrito tais palavras, mas não. Era uma música. Bom, pelo menos eu acho que era... Infelizmente não consegui encontrar na internet, então não sei se ela que criou ou coisa do tipo. Era uma dessas músicas que falavam sobre o amor de Deus. Chegamos na parte legal da história: o meu sentimento. Foi o mesmo de quando eu li que "sem amor eu nada seria". Todo o texto era belo, mas uma parte não saiu da minha cabeça... "Já que salvasse a minha alma, ilumina a estrada, e deixa eu seguir."




 Não me pergunte o porquê disso ter ficado na minha cabeça... Talvez, sem sequer saber, dona Gerusa tenha salvo a minha alma naquele dia. Todo santo dia eu lembro que eu não seria absolutamente nada se não fosse o amor. Isso ilumina a minha estrada. É assim que eu sigo meu caminho.


 Por que eu tô te contando isso? Não faço a mínima ideia.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

A vontade da presença.

 Ei, leitor (o único, o de sempre)! Como vai a vida? Como estão as coisas no trabalho? E a sua mãe, tá bem? Sinto tua falta. Eu sinto muito a tua falta, todos os dias... Vez por outra eu penso em te mandar mensagem, mas eu nem tenho assunto, não quero incomodar. 
 Eu tenho passado por umas coisas bem complicadas e sempre penso em te chamar, desabafar. Você sempre soube o que dizer. Mesmo que você diga que eu posso sempre contar contigo, eu não sei se posso mesmo. Nada é como antes, nós não somos mais os mesmos. Mudanças são boas, mas eu não queria que a nossa amizade mudasse, eu nunca quis. Foram tantas as mudanças na minha vida desde a última vez que nos vimos...
 Eu aprendi muitas coisas também. Estou aprendendo todos os dias a me amar mais, a me sentir bem na minha própria companhia. Aprendi que não preciso de coisas fúteis pra ser feliz. Aprendi a deixar de lado o que eu não posso resolver, mas também a procurar a solução pros problemas ao invés de ficar me lamentando por tê-los. Aprendi a ver a vida de outra forma.
 Conheci bons amigos que me ensinaram muitas coisas, que me mostraram partes de mim que eu não conhecia, e me fizeram perceber a beleza de algumas características minhas... Eu fico feliz por ouvi-los dizer o bem que eu faço eu suas vidas, é sempre bom saber que tem alguém que se importa. Eles me mostraram que eu ainda tenho sensibilidade pra cuidar deles, que eu ainda tenho paciência de ouvir suas histórias e problemas até o fim pra poder lhes abraçar, que eu posso ser preocupada, e me mostraram que isso é belo. Eles me fizeram perceber o "eu te amo" além das palavras.
 Eu queria que você estivesse presente pra te falar essas coisas. Pra te contar as coisas engraçadas que acontecem no meu dia. Pra te falar das coisas com as quais eu tô irritada, mas elas são tão bobas. Queria te ouvir falar como foi o dia, como foram as coisas na igreja, como tá o namoro... Eu sinto falta das tuas palhaçadas.
 Ah, leitor... Eu cresci e amadureci tanto, mas eu ainda sou aquela menina insegura que te quer por perto (pra sempre), ainda quero teu colo, ainda quero teu abraço apertado. Eu ainda quero te ouvir dizer que vai ficar tudo bem.